sábado, 6 de novembro de 2010

CPMFs

(Na FOLHA DE PERNAMBUCO, sábado, 6/11/2010)
Temos uma carga tributária de 35% do PIB, que nos iguala à de países mais desenvolvidos. Só que lá, a pesada arrecadação tem retorno certo e pode-se confiar nos serviços públicos de educação, saúde, segurança, etc. e as estradas são tapetes. Aqui, pagamos igual, mas quase todo nosso dinheiro se perde pelos escaninhos da incompetência e da corrupção. A maior parte paga um funcionalismo inchado e ineficiente, e as muitas benesses distribuídas por critérios quase sempre político-eleitorais. Ou seja, gastam mal o que arrecadam, sem satisfazer ou prestar contas ao contribuinte. E a pressão de governadores pela recriação da CPMF é uma boa desculpa. Tenho certeza de que a maioria do povo, que já trabalha mais de quatro meses por ano para sustentar o governo, também gostaria de pressionar... Mas para que ele gaste melhor o muito que já recebe antes de querer mais. Hoje temos pressão para uma CPMF-S (para saúde). Amanhã, teremos uma CPMF-C (para a Copa do Mundo), depois uma CPMF-O (para as Olimpíadas)? E, por que não, uma CPMF-B (para o Trem Bala)? A verdade é uma só: se antes a CPMF não melhorou a saúde, por que haveria de ser diferente agora? Que cortem os desperdícios, que despeçam os “aspones”, que eliminem os ministérios supérfluos, e que apresentem resultados com o que já recebem. Depois, se nos convencerem de que é pouco, que venham pleitear mais!

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