domingo, 17 de agosto de 2008

EXCELÊNCIA ACADÊMICA É PRECISO

Da carta “Na contramão” – publicada no Estadão em 12/02/1988
“...No mundo cada vez menor em que estamos (a inescapável ´aldeia global´), a nação que progride e enriquece é a que não só trabalha mais, mas, principalmente, a que investe mais na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de ponta. E isto só se consegue pela educação dos jovens, na preparação de melhores professores, pesquisadores, e na concorrência para melhorar o nível de ensino, para desenvolver-se o conceito , totalmente esquecido entre nós, da excelência acadêmica. Como exemplo, temos o destaque dado pelos norte-americanos aos alunos universitários formados nos primeiros lugares, que obtêm o grau cum laude, magna cum laude ou suma cum laude. Enquanto no Brasil temos a triste realidade do total abandono do ensino, da vergonha dos vestibulares comprados, dos professores que são mais parias da sociedade do que os importantes formadores das futuras gerações, do uso da força estudantil como fator político pelos que rezam na cartilha ´do quanto pior, melhor´, e, infelizmente, muito mais, com a completa apatia ´criminosa´ dos dirigentes (ir)responsáveis pelo nosso futuro como Nação. Como resolver esta desanimadora situação? Não é fácil, mas há duas ´forças vetoriais´ que, se bem aplicadas, poderão inverter isto. A primeira seria baseada nas teorias do professor Paulo Freire, criando-se através de todas as mídias, a conscientização, expectativa e auto-iniciativa, a nível comunitário, em que o povo passaria a se sentir co-responsável, participando ativamente no processo de educação dos seus, transmitindo, exigindo e recebendo o melhor ensino possível. A segunda seria aplicada no outro extremo do processo: conscientizar as empresas nacionais da importância de um bom ensino para seus empregados, para a qualidade de seus produtos e sua competitividade no mercado mundial. E que passem a exigir que novos candidatos a empregos, recém-egressos das faculdades, apresentem seus boletins, com as notas obtidas, assim como um relato das atividades esportivas e sociais realizadas no período de formação universitária, admitindo os melhores. Com estas condições, os estudantes deixariam a baderna, exigindo um melhor ensino para poder conquistar colocação nas melhores empresas. Ganha o jovem, ganha o professor, ganha a empresa nacional e, principalmente, ganha o Brasil de nossas futuras gerações!

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