terça-feira, 25 de outubro de 2016

ESTUPEFATO E ESTARRECIDO

(No Estadão online, terça-feira, 25.10.2016)
Estupefação e estarrecimento são as sensações que tive ao ler o editorial “Os catedráticos em bandalheira” (23/10, A3). É de estarrecer qualquer um ficar sabendo que o ex-presidente Lula pensa (como provavelmente muitos outros petistas) que um governo de coalizão só funciona na base da compra de votos dos representantes no Congresso, ou seja, com desvio de dinheiro público para dobrar convicções pessoais. O mesmo pode-se dizer dos argumentos do ex-ministro Eugênio Aragão, que defende a corrupção como “tolerável” e, em certos aspectos, “positiva”. E por aí vai a apologia da corrupção, que chega a ser justificada como sendo “um problema estrutural simples”, e não um problema moral. Seguindo o pensamento desses “catedráticos de botequim”, deveríamos mudar radicalmente nossas leis. Não valeria mais o valor das ideias e dos projetos apresentados. Valeria, sim, quanto de dinheiro é necessário distribuir para que estes prosperem. Ou seja, quem tem dinheiro para distribuir consegue fazer vingar os seus. Quem não tem, mesmo tendo projetos melhores, não consegue. Teríamos, por tanto, não um governo de coalizão pela inteligência e bom senso no interesse da Nação, mas um governo de imposição pela força pecuniária no interesse dos que estão no poder. É ou não é de deixar qualquer um estupefato saber que pessoas que comandaram os destinos da Nação pensam ser normal, e até necessário, usar o vil metal para comprar a consciência dos que nos representam? Parece que o Apocalipse chegou mesmo. Quando será que conseguiremos separar o joio do trigo em nossa tão desvirtuada política?

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